Esses dias recebi a notícia de que a minha prima estava com corona vírus. E apesar da ciência de que todos estamos suscetíveis a pegar esse vírus, nunca imaginei que uma pessoa tão próxima a mim pudesse se infectar. Ela está bem, se recuperando. Mas pensar na mínima ideia de perdê-la me deixou sem chão. E alguns dias depois, por uma infeliz coincidência, vi
uma ambulância no vizinho. O que chamou a minha atenção e
direcionou meus olhos pelo portão da garagem semiaberta, onde me deparei com um corpo no
chão. Eu gelei. Meu domingo se acabou. Eu não era próxima dele, mas sempre o
cumprimentava. Ele, um velhinho meio gago, sempre sorria e acenava de
longe pra mim. Uma vez, enquanto eu passeava com a Lika e questionava
com ela se aquela plantinha na rua era manjericão, ele veio todo
atencioso me explicar que era manjerona. Disse outras coisas que eu não
consegui entender direito. E apesar do curto contato, foi o suficiente pra ter um apreço àquele senhorzinho.
Vê-lo alí no chão me fez até sentir o cheiro de putrefação e aquilo ficou na minha mente por dias. Ainda está. Mas tudo isso me afetou de uma forma que me fez rever toda a minha rotina. Primeiramente me fez perceber que tudo que a gente faz, que parece ser importante, é pura superficialidade. Como trabalho, desavenças, estresse são coisas irrelevantes. E por fim, como a gente precisa dar mais valor à nossa e a vida de quem a gente ama. Pensar em perder alguém com quem a gente convive é a coisa mais dolorosa do mundo. Mas infelizmente é uma realidade. É algo que um dia ou outro vai acontecer. E a única coisa que a gente pode fazer é tentar aproveitar tudo e todos da melhor forma possível.
Então eu te encorajo a viver. A não ter tanto medo de falar o que pensa, tocar projetos que você não tem certeza, abraçar seu irmão, ajudar um desconhecido, pedir perdão, perdoar alguém e ter sempre em mente que um dia tudo isso vai acabar. E a gente não faz ideia de quanto tempo ainda temos aqui. Então vamos aproveitar!
Até a próxima ♥